terça-feira, 31 de maio de 2011


ME DEIXA!

Mesmo quando dolorida, a vida é simplesmente maravilhosa.
Como seria bom se conseguissemos na correria da época atual, que a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer, mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença....não importando nada.
Por isso eu te peço...me deixa errar mais uma vez, porque também sou isso: incerta, frágil, insegura, as vezes dura, e ansiosa de não te perder agora que vislumbro um horizonte.
Me deixa errar e me compreende, porque se faço mal é por que gosto de você, desta maneira tola, e tonta, eternamente recomeçando a cada dia como num descobrimento dos seus territórios de carne e sonho, dos seus desvãos de música ou voo, seus sótãos e porões e dessa escadaria de sua alma.
Me deixe errar mas não me deixe....para que eu não me perca deste ténue fio de alegria, dos sustos do amor que se repetem enquanto houver entre nós essa magia.



domingo, 29 de maio de 2011

LEVE!


Viver não é, e nunca foi fácil, mas, quando se elimina o excesso de peso da bagagem, magoas, rancores, ressentimentos, duvidas, medos, decepções a respeito de pessoas que muito amamos....a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.
A vida sempre nos dá um espaço de manobra: vou tentar aprender a usa-lo para me reinventar.



ARTHUR
DA TAVOLA!


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(Compartilhando esse texto por gostar demais.)


Aos casados há muito tempo, aos que não casaram, aos que vão casar, aos que acabaram de casar, aos que pensam em se separar, aos que estão juntos, amigados, colados, aos que acabaram de se separar, aos que pensam em voltar.

Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga. Tudo o que todos querem é amar.

Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí??? Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que? O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho, amigos.

É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragíliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.

Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso.

É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência... Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar.

Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando à longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um.

Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não
significa,necessariamente, fusão. E que amar, isoladamente não basta.

Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, falta discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.

O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

Um bom amor aos que já têm! Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!


quarta-feira, 25 de maio de 2011


SENTIMENTOS.

Exatamente há um mês atras, você estava aqui, tive você nos meus braços...tinha tudo pra ser maravilhoso. Mas somos assim mesmo, não damos o devido valor quando se tem disponível. Agora longe, muitas vezes sem nenhum tipo de contato é que vemos que um simples aperto de mão, ou um beijo como o que te roubei, pode arrepiar até o último fio de cabelo.
Ontem sentia que faltava algo, hoje você é responsável por uma dor que não me é cruel, mas o seu descaso me machuca tanto...Mas apesar de tudo isso, não importa o quanto às vezes seja difícil, o quanto às vezes eu me atrapalhe, o quanto às vezes eu seja a densa nuvem que esconde o meu próprio sol, ou quantas vezes seja preciso recomeçar:
combinei comigo não desistir de mim.

segunda-feira, 23 de maio de 2011





Entre idas e vindas me resumo feliz,
entre altos e baixos sou até equilibrada.
Sendo assim tá na cara e não tem pane:
anda meio mal....mas vou sair dessa!


NÃO ESTA CORRETO?

Dizem que a gente pode se entristecer por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos estar preparados para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. Isso prova que estamos vivos.

Pode parecer confuso mas é um alento. Quando olho para os lados, é triste perceber que estamos vivendo numa era em que pessoas matam por qualquer motivo...é em briga de trânsito, é por um ténis da moda, é para comprar drogas, matam até por um suposto amor... Sem falar que a maioria das pessoas sempre reclama que estão sem dinheiro, e isso sempre deixa o ser humano disposto a cometer qualquer ato ilícito pela tal sobrevivência.
Quem tem emprego, segura, quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba em busca do que ainda não sei... somos escravos do relógio, do tempo, das horas. Não conseguimos mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo uma boa música, quanto mais se tem mais se quer.
Há tanta coisa pra fazer, pra correr atraz, que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso que sempre digo: qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um prazer, um entusiasmo, pode ate mesmo ser uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento e sempre da muito trabalho.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições...poder. Parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido.
Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões e a nossa alma. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada.

Triste é não sentir nada.

domingo, 22 de maio de 2011

O MEDO DA DOR!

Eu a cada dia acredito mais que o maior medo do ser humano, depois do medo da morte, é o medo da dor. Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distenção, uma fratura, uma cárie. Dor que só cessa com analgésicos e antinflamatorios, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável. Mas é a dor emocional a mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito, e digo isso por experiência propria porque estou passando por isso nesses ultimos anos, e como esta demorando a passar!

Uma vez, conversando com uma amiga, ficamos nessa discussão por horas: o que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor, ou perdeu um ente querido sofre menos ou mais do que quem levou alguns pontos depois de uma queda? São dores absolutamente diferentes....eu acho que dói mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro, que rasga e nos consome dia apos dia. Qualquer mãe preferiria ter úlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho.

As estatísticas hoje não mentem, e eu infelizmente faço parte dela: é mais fácil ser atingida por uma depressão, do que por uma bala perdida. Existe médico para baixo astral? Psicanalistas. E remédio? Anti-depressivos. Funcionam? Funcionam, mas não com a rapidez de uma injeção que tomo quando a coluna ataca, não com a eficiência de uma cirurgia, como as varias que já fiz. Certas feridas não ficam à mostra. Acabar com a dor da baixa-estima é bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada, e o pior é que ninguem nos entende e muito menos nos aceita.

Parece absurdo que alguém possa sofrer num dia de céu azul, na beira do mar, numa festa, num bar. Parece exagero dizer que alguém que leve uma pancada na cabeça sofrerá menos do que alguém que for demitido. Onde está o hematoma causado pelo desemprego, onde está a cicatriz da fome, onde está o gesso imobilizando a dor de um preconceito? Custamos a respeitar as dores invisíveis, para as quais não existem prontos-socorros. Não adianta assoprar que não passa.

Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor ou perdas irreparaveis. Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por quem perde um braço ou uma perna, só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio. O próprio tetraplegico terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre!

Passei a minha vida inteira ouvindo que nada é para sempre...e que há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir e de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela, enfrentá-la sem atuações, deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores. Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade.
Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada, e disfarçar a dor é dor ainda maior, por isso optei pela reclusão. Pra que subir ao palco se não estou feliz??

Acho até que ela já virou minha companheira. Olhando de perto, alguns momentos percebo que ela ate já deixou de doer, só tem fama, mas não consigo dela me soltar. Quem sabe, pelo receio de não saber o que fazer com o espaço, às vezes grande, que ficará desocupado se ela sair de cena. Vazio é também terreno fértil para novos florescimentos, mas costuma causar um medo inacreditável.
Quando criar coragem vou deixar de dar casa, comida e roupa lavada para essa tal dor, e assim quem sabe ela desaparecerá.

Vai passar, só isso eu sei!